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Saudade Que Transforma a Vida dos Que Ficam
As lembranças dos que partem têm o poder de transformar as vidas daqueles que ficam. Esta é a reflexão que se acentua no Dia de Finados, quando milhares de pessoas visitam os túmulos de entes queridos.
O Luto e a Terapia das Memórias
A psicóloga Layza Castelo Branco Mendes explica que o luto não é uma doença a ser curada, nem as pessoas que se foram são um trauma a ser esquecido ou superado. Pelo contrário, as memórias são uma maneira de manter legados vivos e de impedir que dores conhecidas atinjam mais gente.
> ‘O luto é um processo que tem começo, meio e fim, embora sempre se possa ficar triste ao lembrar da pessoa que ama’, explica Layza.
A Importância dos Corpos para o Luto
A falta de um corpo para se despedir dificulta o processo de luto. A ausência física representa a perda definitiva e a ausência de um ritual de despedida complica o processo de luto.
Lidando com a Dor Através da Ação
Demétrio Jereissati, após perder o filho, fundou o Instituto DimiCuida, que orienta e previne contra os perigos das “brincadeiras perigosas”. A iniciativa busca prevenir que outras famílias sofram a mesma dor que a sua.
O Poder da Música e da Literatura
Muitos citam as artes e a cultura como formas de lidar com o luto. A música foi, de longe, a expressão cultural mais citada. Alguns cantam, outros ouvem sem falar nada. A literatura também é uma poderosa ferramenta de cura, permitindo que as pessoas expressem suas emoções e sentimentos através das palavras.
A Luta por Justiça
Leidiane Rodrigues, mãe de Mizael, um jovem morto por violência policial, busca justiça para seu filho. Ela incentiva outras mães a lutarem por justiça.
> ‘Vão atrás dela. Porque a pior coisa que podemos fazer é deixar o crime impune’, afirma Leidiane.
O Legado dos Que Partem
O legado das pessoas que partem não está apenas nas memórias, mas também nos atos inspirados por elas. Seja através de uma casa de apoio com o nome do filho, de um instituto em memória de um ente querido, ou de uma luta por justiça, os que partem continuam a influenciar e a mudar a vida dos que ficam.
A saudade pode ser agridoce, mas é também um lembrete do amor e da vida compartilhada. E é neste amor e nesta vida que os que partem continuam a existir, nas memórias e nos corações dos que ficam.
> ‘Minha manga agora é rosa e bem docinha’, diz Erilene Firmino, que encerrou uma fase de luto com a publicação de um livro em homenagem à irmã falecida.
A saudade, portanto, não é apenas uma dor, mas também uma forma de amor e de lembrança. É um lembrete do que foi, do que poderia ter sido, e do que ainda continua, de formas diferentes, nas vidas dos que ficam.
Ao final, o que fica é a certeza de que a vida continua, de maneiras diferentes, mas continua. E que, mesmo na ausência, os que partem ainda fazem parte da vida dos que ficam, através das memórias, das ações e do amor que permanece.
Porque, no final das contas, o amor nunca morre, apenas se transforma. E é nessa transformação que encontramos a força para continuar, para lembrar, para amar e para viver. Porque, como diz a canção, ‘o que é verdadeiro, nunca acaba’. E o amor, mesmo na saudade, é a verdade mais pura e mais bonita que existe.
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